No passado dia 4 de junho teve lugar a apresentação pública do Ladrão de Livros na terra natal do autor: Santarém. A apresentação pública esteve a cargo de Paulino Coelho da Rádio Renascença.
Carlos Barros e Paulino Coelho durante a apresentação.
Tomamos a liberdade de aqui reproduzir um texto de Charles de La Folie bem a propósito.
(…) Pernoito no desejo de crescer, de mostrar um lado diferente daquele que a Lua conhece. Não me lembro dos rostos, somente dos contornos. Do halo provocado pelo calor que nos liberta e molda – de uma forma simples –, apenas isso. Há um sorriso como muitos, metediço e leviano. Há um medo. Solta-se a palavra, de um momento para o outro liberta-se. A ansiedade reduz-se ao mais pequeno ponto dentro de nós, esse mesmo que nos vai construindo, num ensaio constante. Desmorona.
(…) Num pequeno trago de água, encontro os teus lábios perdidos na perspicuidade do desejo. O vocábulo reencontra-se com o espaço, indiferente à verborreia desenfreada de sentimentos que se abatem na saudade. Os cheiros misturam-se com as imagens de outros tempos. As muralhas do condomínio de outras épocas, abatem-se sobre – uma visão escurecida pelo – medo. A música que se esconde entre dedos, num tamborilar quase enervante, fala-nos de nós [gente].
(…) Aquele respirar ofegante que se solta em pequenas taquicardias, preenche o peito de dor, até rebentar vazio. Os olhos permanecem fechados à procura de sinais, pequenos vestígios irresolutos do ser e do não ser que se emprega na frase que ainda medeia a vida e a vontade de a ter. Fixa-se a imagem plana de um tecto alto, falso de preconceitos, sólido e robusto no seu recorte. Sobram os sussurros do meu «ponto» que continua sem me dar uma resposta. A pergunta é letal, a réplica de uma angústia fatal e sem retorno.
(…) É apenas a minha cidade, Santarém, não é Macondo, do Coronel Aureliano Buendía – repeti em desespero. Percorri a pergunta naquele silêncio que nos mata e alivia. Não havia ninguém na sala, ficou vazia no segundo momento em que a olhei nos olhos. Tinha que estar vazia, como a minha alma – minto. Estava elevada, sentia-me e sentia. Não era em vão que ali estava, as palavras iam ficando submissas à minha paixão e tornavam-se poderosas. Como poderosas são as que percorrem as páginas de «O Ladrão de Livros».
Apeteceu-me “Não acredito nos passos falsos que não nos levam a lugar algum” Charles de la Folie
A Fronteira do Caos Editores agrade a todos os presentes e faz votos para que a autêntica viagem do Ladrão de Livros continue a dar os seus frutos, e acima de tudo, continue a ajudar a promover um livro e um autor de excepção. A todos um grande bem-haja.
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